Secretaria de Políticas Sobre Drogas aumenta número de atendimentos
Mais de 4800 pessoas foram alcançadas em ações da Secretaria no primeiro semestre, além dos atendimentos e encaminhamentos realizados. Novas oficinas, como a de inglês, foram criadas em 2017.
Publicado em 29/08/2017 13:50 - Atualizado em 29/08/2017 14:12
Oficina de inglês
Oficina de inglês
Oficina de inglês
A Secretaria Municipal de Políticas Sobre Drogas, que a partir deste ano teve seu trabalho reformulado e ampliado, fechou o primeiro semestre de 2017 totalizando mais de 70 encaminhamentos, 650 atendimentos, e 4800 pessoas alcançadas em ações realizadas em eventos. Novas oficinas foram criadas, como as de relaxamento, jogos recreativos e inglês.
Ao final do semestre, a secretaria apresentou um saldo restante de mais de 250 mil reais.
A Secretaria Municipal de Políticas Sobre Drogas tem como objetivo, por meio das articulações e debates envolvendo os demais setores, coordenar atividades que visam a prevenção ao uso de drogas lícitas e ilícitas, bem como a reinserção social dos usuários de álcool e outras drogas.
A secretaria fica localizada à Rua Peixoto de Souza, 158 – Centro.
Oficina de inglês oportuniza aos jovens o contato com um novo idioma
Alunos atentos, com muita vontade de aprender. Este é o perfil dos jovens, com idades entre 8 e 19 anos, que participam da oficina de inglês realizada pela Secretaria Municipal de Políticas Sobre Drogas. Esta iniciativa, que começou em junho deste ano, contando atualmente com 18 inscritos, acontece às terças e sextas-feiras, por meio de um projeto da estagiária da secretaria, Luciana Antunes. “Os alunos têm sido muito participativos e interessados, sempre sugerindo atividades para que possamos desenvolvê-las juntos. Estamos felizes pelo resultado que temos obtido com a oficina.”, conta Luciana.
De acordo com o assessor João Vítor, a secretaria abraçou a iniciativa por tratar-se de uma oportunidade de contato com uma segunda língua, o que é essencial nos dias atuais, além de ser uma possibilidade de reforço escolar aos alunos que já possuem aulas de inglês dentro das escolas. A participante Camila Natália, de 14 anos, fala com entusiasmo sobre a oficina: “Fiquei sabendo da oportunidade dentro da minha escola. Acho que vai ser bom aprender inglês para que no futuro eu possa ter mais oportunidades. Sempre tive vontade de aprender.”, declara.
Vera Lúcia, mãe dos participantes Talyta, de 19 anos, e Gabriel, de 14, acompanha de perto os filhos, e relata suas observações: “Meus filhos estudam juntos, aqui e em casa, e estão empolgados com esta oficina. A Talyta, que é
aluna da Apae, tem aqui, além do aprendizado, uma oportunidade de socialização, e o Gabriel tira dúvidas sobre o que vê na escola, além de aprender ainda mais aqui. Fico muito satisfeita por eles estarem participando deste projeto.”, finaliza.
Ex-usuário de crack acompanhado pela secretaria conta sua história
Quem vê o jeito confiante, de quem está certo da existência de um futuro melhor, não imagina a história de vida que carrega Paulo, nome fictício que demos ao ex-usuário de crack atendido pela secretaria. Paulo mudou-se para Caeté em 2013, já carregando uma longa trajetória no uso de drogas, causadoras do grande sofrimento que carregaram seus familiares, a namorada e a filha, que hoje tem 12 anos de idade e é conhecedora dos acontecimentos que marcaram a vida do pai.
Em 2002, por influência de “amigos”, Paulo deu início ao uso do crack, inicialmente misturado à maconha, logo depois passando a consumi-lo puro. Este era o início de uma longa jornada de dor, amargura e de um vício que o levou a deixar de lado a própria família, para quem mentia para manter o uso do crack, chegando a vender as próprias roupas e a realizar furtos. “Eu fazia qualquer coisa pelo crack. Minha maior fraqueza era o dinheiro, pois sempre que conseguia ganhar algum eu ia para a boca de fumo comprar drogas. Cheguei ao fundo do poço.”, relata.
A família, preocupada pelo estado em que Paulo se encontrava, tentava ajudá-lo, porém inicialmente sem a presença de uma clínica de reabilitação. Em alguns momentos, ele conseguiu abandonar a droga, mas após algumas semanas ou meses sempre acontecia uma nova recaída. “Em 2010 consegui deixar de usar, e fiquei assim durante um ano e dois meses, porém ainda fumava maconha. Um dia encontrei um primo que me ofereceu um “mesclado” (mistura de maconha e crack), e tive outra recaída”, conta Paulo.
Em 2013, Paulo chegou ao limite de seu vício, passando quatro dias inteiros dentro de uma boca de fumo, fumando crack, sem se alimentar e sem tomar banho, focado apenas em seu vício. Na última madrugada que passou lá, ele sentiu fortes dores no estômago, passando muito mal. Um amigo o resgatou e o levou até a família. Paulo foi internado e permaneceu “limpo”, como ele mesmo descreve, por vários meses, até que um dia ganhou uma carona de uma pessoa que o reintroduziu ao uso do crack. “Eu chegava a ficar uma semana ou um mês sem usar, enganando a mim mesmo, mas no fim acabava voltando ao crack. Cheguei a arranjar emprego longe da minha família, de propósito, para poder fumar. Virava as noites usando drogas e acabava com todo o dinheiro.”, conta.
Ao final da descrição dos acontecimentos, Paulo ainda conta que chegou a ser preso, dentro de uma boca de fumo, permanecendo detido durante 193 dias. “Fui preso porque não contei de quem eram as drogas, quando a polícia chegou. Se tivesse contado, a esta hora estaria morto. Muitos que estavam ali comigo hoje já estão mortos.” No mesmo dia em que obteve a liberdade, ele retornou à boca de fumo e ao uso do crack.
A trajetória de Paulo começou a se transformar em maio de 2017, quando, em busca de uma oportunidade de internação já há algum tempo, ele conseguiu uma vaga em uma clínica de reabilitação por intermédio da Secretaria de Políticas Sobre Drogas. Aos 36 anos de idade, ele considera que esta seja uma oportunidade de ouro para deixar definitivamente no passado a sua relação com o crack e outras drogas. “Esta internação foi uma bênção de Deus em minha vida, e todos que aqui me acolheram foram anjos para mim. Pretendo cumprir lá os nove meses de tratamento para estar preparado para enfrentar a realidade aqui fora.”, observa.
Hoje, o ex-usuário de drogas se prepara para a sua reinserção no mercado de trabalho, já tendo realizado um curso de agricultura orgânica, e iniciando agora um curso de cabeleireiro. Ele destaca também o quanto é importante a base espiritual que recebe, através das escrituras sagradas e das palavras amigas, dentro da clínica. Paulo está ciente de que, após o período de internação, terá que enfrentar desafios diários para que nunca mais seja reinserido no mundo das drogas, mas sabe também que isso é plenamente possível, por meio de seu próprio esforço e com a ajuda profissional e familiar. “Hoje meus planos são encontrar um trabalho assim que sair da clínica de reabilitação. Tudo que sinto é vontade de ficar curado e não decepcionar a mais ninguém. Irei participar do Narcóticos Anônimos para me manter “limpo”. Quem deseja deixar as drogas, deve querer isso profundamente, pedir forças a Deus e procurar ajuda em algum local como a Secretaria de Políticas Sobre Drogas, que me acolheu. Sei que aqui serei sempre bem recebido.”, finaliza.
por Assessoria de Comunicação